quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

ARQUEOLOGIA POLÍTICA

O que leva uma pessoa a se interessar por política? Esquecendo um pouco essa satanização colérica dos nossos dias, que quer fazer pensar que ninguém presta, que a terra está arrasada e todos só pensam no proveito pessoal, o que quase sempre leva uma pessoa a se interessar por política é um desejo de influenciar o mundo, de intervir de alguma forma na direção e na construção da realidade. É um desejo de mudar ou manter uma conjuntura, de defender um pensamento, um conjunto de ideias, outro olhar, uma tese. Entenda-se “se meter com política”, não apenas buscar um cargo no parlamento ou no executivo da sua cidade, do seu estado ou do seu país. Mas atuar na escola, no condomínio, na comunidade, na empresa ou nos sindicatos, na associação profissional. É o idealismo, o romantismo, a inquietação que faz o mundo andar. É a doce rebeldia de ser contra ou a favor, de olhar o presente e pensar o futuro. É querer mexer nos destinos. Um desejo enorme de se aventurar, como diz a canção popular. É uma vaidade, uma ambição, um inconformismo, no que isso tem de mais nobre e humano. É essa centelha que parece estar sendo esquecida na macro política. É essa pedra fundamental que precisa ser permanentemente escavada, buscada lá nas profundezas, redescoberta, polida, para nos lembrar o que estamos fazendo nesse mundo. O sentido, a razão, o pontapé inicial que começou um jogo que se torna tão complexo que às vezes faz muita gente esquecer o motivo pelo qual entrou.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O POLÍTICO E O ELEITORAL


Mesmo com todo intenso esforço da chamada mídia para demonizar a política no Brasil, as eleições ainda são espaço de debate, de difusão e de esclarecimento sobre questões para a vida das pessoas. O brasileiro foi desenvolvendo rapidamente, nestes poucos anos de reabertura democrática, um envolvimento muito peculiar com o processo eleitoral, que vai desde a inovadora votação eletrônica ao modo talentoso de fazer campanhas eleitorais no rádio, na TV e agora na internet.
Essa presença cada vez maior das eleições na vida nacional, um evento bienal, que por horas se aperfeiçoa e por vezes retrocede, faz o imaginário brasileiro associar imediatamente marketing político com marketing eleitoral. 
Por isso é indispensável alertar sempre para este fato: todo marketing eleitoral é político. Mas nem todo marketing político é eleitoral. Todo marketing eleitoral, seja para escolher uma diretora da escola, um síndico do condomínio, um vereador ou o Presidente da República Federativa do Brasil, é uma ação de marketing político. São propostas, ideias, planos, nomes e currículos que vão ser escolhidos num dia marcado, num determinado horário, num processo de votação.
Já o marketing político nem sempre tem escolhas e decisões feitas diretamente em processos eleitorais específicos. Por isso o marketing político é um campo muito amplo, muito vasto, múltiplo e às vezes até quase imperceptível.
Alguém pode fazer marketing político para defender a diminuição do tamanho do Estado, pode fazer marketing político por mais respeito pelas mulheres, pelos homossexuais, pelas baleias, pela floresta, para aumentar ou reduzir as relações da política com a religião, campanhas contra ou a favor da expansão do agronegócio, milhares de macro e micro causas, que podem estar relacionadas aos buracos na camada de ozônio ou aos buracos na nossa rua.
O marketing político pode até precisar de uma eleição, ou de duas, de três ou de nenhuma. Fazer marketing político é lutar pra ganhar e manter corações e mentes ao lado da sua forma de pensar. É organizar um produto, no caso, um conjunto de pontos de vista, de proposições e montar estratégias para conquistar um público alvo e suas percepções positivas. Sua adesão. Seu engajamento.
O mundo vive hoje uma grande guerra de percepção, de visibilidade, de conceitos que nos são apresentados por um número crescente de mídias, desde as mais evidentes, como os meios de comunicação de massa aos novos produtores de conteúdos e meios que surgem a toda hora. Por isso é preciso ficar bem ligado, uma eleição pode ser apenas um tijolo na construção de um grande objetivo de marketing político e ganhar ou perder uma votação nem sempre significa derrota ou vitória de um projeto. Seja ele pra mudar a piscina do prédio ou reduzir as desigualdades regionais no Brasil.