quarta-feira, 5 de agosto de 2015

2016: O eleitor nos tempos de cólera.


Mais uma grande eleição se aproxima na jovem democracia brasileira. 2016 é mais um ano da micro política, ano de eleição de milhares de candidatos a vereadores, milhares de pretendentes a prefeituras, ano das conversas de porta em porta, eleição gasta-sapato e do investe muita saliva.

Disputa eleitoral do debate sobre milhões de mini, médios e macro problemas e ativação das redes sociais da vida real, dos colegas, dos primos, dos vizinhos, dos irmãos da igreja, dos times de futebol pelada e agora fortemente influenciados pela força devastadora das redes sociais na internet. A eleição acontecerá num momento de satanização dos políticos, raramente já visto no Brasil. Pode ser que esse sentimento se agrave ainda mais, pode ser que amenize, afinal, alguém já disse que política é como nuvem, cada vez que a gente olha vê de um jeito.

Mas o que teremos no ano que vem será um clima eleitoral onde não só os candidatos e governantes são vistos como seres abomináveis, como a política é vista por muitos como uma atividade demoníaca, quase uma nova lepra, a doença que era vista como um mal do corpo e da alma. Em 2016 não vão faltar candidatos tentando se descolar da política, tentando provar que não fazem parte desse “mundo perverso e nocivo”, tentando tirar proveito de um tempo de distorções que confunde todo o pensamento e o entendimento do que é o Legislativo, o Executivo e as agremiações políticas.

Do ponto de vista imediato, do interesse eleitoral, essa parece ser uma estratégia inteligente, mas logo se mostra errada e prejudicial. A verdade é que todos vão precisar da política para governar ou cumprir seus mandatos. Governar ou legislar é fazer alianças, coligação, pensar politicamente, juntar técnica com política. Dizer que se pode ser eleito sem se envolver com política, é como dizer que vai ter um bebê sem fazer sexo. E a política, como o sexo, pode ser feita com amor e idealismo, e não apenas para saciar desejos carnais.

O cenário é tenebroso. Quanto mais se condena a política, mais se abre espaço para aventuras irresponsáveis, caricatas e insustentáveis. Mesmo com todos os seus feitos e malfeitos, é a política que faz a roda da vida girar em todos os segmentos de atividade humana. E a missão de reavivar a política começa pelos políticos. Não se pode esperar de ninguém mais essa missão espinhosa, trabalhosa e complexa.

Os tempos de cólera só vão passar quando os políticos forem buscar nas origens da política a motivação para lutar por cargos e postos, incentivados por uma população realmente bem informada e engajada. É preciso buscar aquele desejo de melhorar a vida coletiva, de lutar contra o injusto, de influir no destino do mundo, aquela chama que faz alguém sair da sua rotineira vida pessoal para entrar na vida pública.


É possível sim reanimar a política. Tem muita gente anônima fazendo coisas diferentes, pensando em soluções para problemas, em inovação, em projetos para reduzir ou amenizar os dramas de um país tão jovem e tão carente de visões de médio e longo prazo. É justamente nestes tempos de ira e de descrença, que precisam surgir os visionários, os consistentes, os políticos de verdade para sinalizar ao eleitor que a terra não está arrasada e que a saída está nas mãos de cada um. E essas mãos precisam construir a saída pela única via possível, a via política.

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