Mais uma grande eleição se aproxima na jovem
democracia brasileira. 2016 é mais um ano da micro política, ano de eleição de
milhares de candidatos a vereadores, milhares de pretendentes a prefeituras,
ano das conversas de porta em porta, eleição gasta-sapato e do investe muita
saliva.
Disputa eleitoral do debate sobre milhões de mini,
médios e macro problemas e ativação das redes sociais da vida real, dos
colegas, dos primos, dos vizinhos, dos irmãos da igreja, dos times de futebol
pelada e agora fortemente influenciados pela força devastadora das redes
sociais na internet. A eleição acontecerá num momento de satanização dos
políticos, raramente já visto no Brasil. Pode ser que esse sentimento se agrave
ainda mais, pode ser que amenize, afinal, alguém já disse que política é como
nuvem, cada vez que a gente olha vê de um jeito.
Mas o que teremos no ano que vem será um clima
eleitoral onde não só os candidatos e governantes são vistos como seres
abomináveis, como a política é vista por muitos como uma atividade demoníaca,
quase uma nova lepra, a doença que era vista como um mal do corpo e da alma. Em 2016 não vão faltar candidatos tentando se descolar
da política, tentando provar que não fazem parte desse “mundo perverso e
nocivo”, tentando tirar proveito de um tempo de distorções que confunde todo o
pensamento e o entendimento do que é o Legislativo, o Executivo e as
agremiações políticas.
Do ponto de vista imediato, do interesse eleitoral,
essa parece ser uma estratégia inteligente, mas logo se mostra errada e
prejudicial. A verdade é que todos vão precisar da política para governar ou
cumprir seus mandatos. Governar ou legislar é fazer alianças,
coligação, pensar politicamente, juntar técnica com política. Dizer que se pode
ser eleito sem se envolver com política, é como dizer que vai ter um bebê
sem fazer sexo. E a política, como o sexo, pode ser feita com amor e idealismo,
e não apenas para saciar desejos carnais.
O cenário é tenebroso. Quanto mais se condena a
política, mais se abre espaço para aventuras irresponsáveis, caricatas e
insustentáveis. Mesmo com todos os seus feitos e malfeitos, é a política que
faz a roda da vida girar em todos os segmentos de atividade humana. E a missão
de reavivar a política começa pelos políticos. Não se pode esperar de ninguém
mais essa missão espinhosa, trabalhosa e complexa.
Os tempos de cólera só vão passar quando os políticos
forem buscar nas origens da política a motivação para lutar por cargos e postos, incentivados por uma população realmente bem informada e engajada. É preciso buscar aquele desejo de melhorar a vida coletiva, de lutar contra
o injusto, de influir no destino do mundo, aquela chama que faz alguém sair da
sua rotineira vida pessoal para entrar na vida pública.
É possível sim reanimar a política. Tem muita gente
anônima fazendo coisas diferentes, pensando em soluções para problemas, em
inovação, em projetos para reduzir ou amenizar os dramas de um país tão jovem e
tão carente de visões de médio e longo prazo. É justamente nestes tempos de ira
e de descrença, que precisam surgir os visionários, os consistentes, os
políticos de verdade para sinalizar ao eleitor que a terra não está arrasada e
que a saída está nas mãos de cada um. E essas mãos precisam construir a saída
pela única via possível, a via política.
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