quinta-feira, 21 de julho de 2016

Quanto mais curta a campanha política, mais “marqueteira” no pior sentido da expressão.


Numa época em que a comunicação é talvez o campo da vida que mais toma espaço no cotidiano das pessoas, teremos eleições municipais com tempos de campanha muito limitados e recursos de comunicação bastante reduzidos e reprimidos. 

Na suposta tentativa de moralizar o processo eleitoral e evitar os abusos do poder do dinheiro, o que está se fazendo é cortar o direito que cidadãos e cidadãs têm ao debate, à discussão e à informação sobre suas realidades locais. 

Informação política é um direito fundamental das pessoas. Sem esse alimento vindo de todas as linhas de pensamento, o raciocínio fica desnutrido e a decisão fica fraca, carente de reflexão. Sem tempo, sem profundidade, sem conteúdo, a campanha fica banal, perde importância e torna-se mais “marqueteira”, no sentido mais raso, cosmético e pirotécnico que a expressão carrega.

Mas o estrago maior que todas essas reformas de fachada provocam é o fortalecimento da cultura de que a política é algo nocivo, a percepção de que as pessoas precisam ser protegidas das campanhas eleitorais, que “quanto menos política melhor”, que campanhas são despesas supérfluas e que podem ser descartadas. Nada mais terrível para um país com pouca história democrática, que precisa ampliar o entendimento das forças que conduzem seu destino, que precisa aperfeiçoar suas instituições, seus mecanismos de representação, que precisa construir sentimentos de responsabilidade, de corresponsabilidade, de compromisso individual com os temas coletivos, construções que não se fazem sem campanhas políticas, sem enfrentamentos eleitorais, sem embates de ideias, de ideais, sem novas proposições. Isolar as pessoas da política é construir muros que impedem a gente de ver o sol do futuro.

A legislação eleitoral rasa, reativa e demagógica reduz o prazo oficial de campanha, de 90 para 45 dias. A pessoa desavisada pode, num primeiro olhar, achar que isso é muito bom. Afinal, seria evitado o derrame de dinheiro em propagandas de políticos e partidos. Mas a verdade é que, quando vai se fazer as contas na ponta do lápis da razão, a comunicação e a propaganda eleitoral são os custos menores de um processo eleitoral, principalmente quando comparadas às despesas com conquista de apoios, coligações e alianças. Ainda mais num país que tem dezenas de partidos, a grande maioria com pouca ou nenhuma integridade ideológica, num sistema sem cláusulas de barreira, onde qualquer partido recém fundado já ganha condições de fazer barganhas e negociatas pouco republicanas, para se dizer o mínimo.

O marketing político e eleitoral, pintado para o eleitor como o grande vilão e demoníaco sugador de dinheiro é, no final das contas, a parte mais benéfica para a sociedade. Quanto mais tempo de campanha, mais debate, mais aprofundamento, mais discussão, mais esclarecimento, mais envolvimento e conhecimento. Mais campanha política não quer dizer mais programas milionários na TV e na internet. Mais campanha eleitoral seria abrir mais tempo para entrevistas, para representantes da comunidade sabatinarem candidatos, para debates entre partidos e não apenas entre candidaturas, debates temáticos sobre ônibus, valas, vilas, sobre jovens, sobre idosos, sobre merenda escolar. Mais debate sobre orçamento, sobre endividamento das cidades, mais política na vida e na veia das pessoas.

Levar as eleições para as escolas, universidades, clubes, sindicatos, associações de empresários, para redes sociais virtuais e físicas, para dentro do universo de interesse de eleitores e eleitoras.

A eleição municipal é o voto que mais afeta diretamente a vida do cidadão. São temas tão vitais que não importaria se a campanha demorasse dois, três ou quatro meses. Por mais que existam custos, os benefícios do debate serão sempre maiores, tanto em termos financeiros como de desenvolvimento humano. 

É nessa campanha que deveria se discutir desde conservação de cemitérios até geração de emprego e renda na cidade, passando por remédios, praças, iluminação pública, vacinas, calçadas, prevenção de doenças, moradia popular, arborização, vereadores, violência contra a mulher, violência urbana e milhares de outros temas indispensáveis. 

Quanto mais curta a campanha pior para os mais pobres, para os mais excluídos, para os mais esquecidos e injustiçados, já que justamente a hora de discutir problemas históricos vira uma “rapidinha” sem muito compromisso.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A Nova Lepra


Dizem que entre os hebreus, o diagnóstico da lepra não estava a cargo dos médicos e sim dos sacerdotes. Ela era considerada evidência de pecado, que se traduzia tanto na corrupção da carne como na do espírito – não raro, era vista como expressão de um castigo divino. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa diz que, no sentido figurativo, “leproso” é aquele cujo convívio é maléfico ou extremamente desagradável, uma pessoa perversa, ruim, que provoca repulsa, nojo.

Desde a mais remota antiguidade a lepra está relacionada a algo muito repulsivo. São muitas as referências em várias culturas a essa doença que tem as mais negativas conotações de peste. Nos últimos tempos,  a informação, a ciência, a medicina e o esclarecimento tem servido para diminuir esse estigma. Cada vez mais, ao invés de lepra, de “leproso”, usa-se a denominação de “doente de hanseníase”. E as pessoas que sofrem deste problema estão sendo cada vez mais respeitadas e recebendo tratamento mais humanizado.

No entanto,  ao mesmo tempo que vai se retirando essa carga pavorosa ligada a hanseníase, uma atividade humana vai ganhando todas esses percepções horríveis e se caracterizando cada vez mais como a nova lepra dos nossos dias. Essa atividade é a política. No Brasil, onde vemos e vivemos a realidade cotidiana, a política já virou praticamente sinônimo de lepra e, muitas vezes, de algo até pior.

Nas últimas semanas estão sendo votadas na Câmara dos Deputados, várias alterações no jogo eleitoral brasileiro. Em tese, a intenção seria melhorar o processo político-eleitoral, eliminando falhas e reduzindo a influência da grana, do poder do dinheiro. Mas o que a maioria dos políticos faz é isolar a política, reduzir os espaços, tempos e a visibilidade da política e dos debates das eleições, numa espécie de mea culpa absurdo, com os políticos admitindo que a população precisa ser protegida dos próprios políticos, como se protege uma comunidade de uma doença.

Os nobres parlamentares brasileiros estão analisando propostas absurdas, como redução do já curto período de campanha de 90 para 45 dias. A ideia é reduzir os programas políticos e aumentar as inserções em formato de comercial, deixando a discussão mais superficial e caricata. Estuda-se também a limitação de linguagem publicitária, ou seja, querem que a politica se comunique sem usar técnicas de comunicação, num país que tem e faz uma das melhores televisões e uma das publicidades mais geniais do mundo.

Os meios de comunicação tem suas linguagens próprias, portanto, querer que um candidato vá pra a televisão ou rádio falando como se estivesse fazendo um discurso num plenário, torna a comunicação chata, inacessível, repulsiva, uma lepra cada vez mais perturbadora. Ou seja, isso só vai afastar ainda mais o pequeno interesse, principalmente dos mais jovens, de questões cruciais como orçamento, impostos, privatização, estatização, entre outros pontos vitais.

Outra ideia distorcida é proibir cartazes e carros de som, ou seja, tirar as campanhas da rua, tornar a eleição invisível, subterrânea, como se a política não fizesse parte da vida, como religião, esporte ou o comércio. Na suposta boa intenção de diminuir a força do poder político, não se ataca a raiz do problema, apenas se tira o sofá da sala para que a filha não transe com o namorado quando a família estiver fora.

A política age reativamente, com imediatismo, jogada para a platéia, ao invés de assumir seu papel da criadora de condições responsáveis para o desenvolvimento e a convivência social. Pouco ou nada se fala de financiamento empresarial, do excessivo número de partidos, de problemas estruturais. Ter campanhas mais baratas é necessário e possível sim, mas não é afastando a população da política que vamos esclarecer, atrair participação e contribuição de ideias dos cidadãos anônimos.

A comunicação política e eleitoral é um direito de cada cidadão e está prevista na Lei, assim como a comunicação pública de órgãos públicos. A sociedade já sabe que eleições têm custos, mas precisa entender que determinadas despesas são indispensáveis para que funcionem os poderes Legislativo e Executivo. No Brasil e em qualquer outro lugar do planeta, os custos de programas de televisão, rádio, cartazes, internet, não representam o total declarado na prestação de contas dos partidos aos Tribunais, significam apenas uma parte.

É preciso reduzir o custo das alianças eleitorais e isso se faz buscando formas de mudar os acordos feitos para se conseguir apoio de partidos, entidades, organizações e instituições. Não se engane (ou se deixe enganar), é esse o verdadeiro item mais caro das campanhas eleitorais que se repetem a cada dois anos no país.

O Brasil precisa punir os políticos ruins e incompetentes, bem como repensar os sistemas como um todo, em especial nessas questões mais profundas e que realmente fazem a diferença no resultado final, mas não pode fazer isso como quem joga defensivos agrícolas sem critério algum sobre a plantação. Vai conseguir matar as pragas, mas também o alimento.


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

2016: O eleitor nos tempos de cólera.


Mais uma grande eleição se aproxima na jovem democracia brasileira. 2016 é mais um ano da micro política, ano de eleição de milhares de candidatos a vereadores, milhares de pretendentes a prefeituras, ano das conversas de porta em porta, eleição gasta-sapato e do investe muita saliva.

Disputa eleitoral do debate sobre milhões de mini, médios e macro problemas e ativação das redes sociais da vida real, dos colegas, dos primos, dos vizinhos, dos irmãos da igreja, dos times de futebol pelada e agora fortemente influenciados pela força devastadora das redes sociais na internet. A eleição acontecerá num momento de satanização dos políticos, raramente já visto no Brasil. Pode ser que esse sentimento se agrave ainda mais, pode ser que amenize, afinal, alguém já disse que política é como nuvem, cada vez que a gente olha vê de um jeito.

Mas o que teremos no ano que vem será um clima eleitoral onde não só os candidatos e governantes são vistos como seres abomináveis, como a política é vista por muitos como uma atividade demoníaca, quase uma nova lepra, a doença que era vista como um mal do corpo e da alma. Em 2016 não vão faltar candidatos tentando se descolar da política, tentando provar que não fazem parte desse “mundo perverso e nocivo”, tentando tirar proveito de um tempo de distorções que confunde todo o pensamento e o entendimento do que é o Legislativo, o Executivo e as agremiações políticas.

Do ponto de vista imediato, do interesse eleitoral, essa parece ser uma estratégia inteligente, mas logo se mostra errada e prejudicial. A verdade é que todos vão precisar da política para governar ou cumprir seus mandatos. Governar ou legislar é fazer alianças, coligação, pensar politicamente, juntar técnica com política. Dizer que se pode ser eleito sem se envolver com política, é como dizer que vai ter um bebê sem fazer sexo. E a política, como o sexo, pode ser feita com amor e idealismo, e não apenas para saciar desejos carnais.

O cenário é tenebroso. Quanto mais se condena a política, mais se abre espaço para aventuras irresponsáveis, caricatas e insustentáveis. Mesmo com todos os seus feitos e malfeitos, é a política que faz a roda da vida girar em todos os segmentos de atividade humana. E a missão de reavivar a política começa pelos políticos. Não se pode esperar de ninguém mais essa missão espinhosa, trabalhosa e complexa.

Os tempos de cólera só vão passar quando os políticos forem buscar nas origens da política a motivação para lutar por cargos e postos, incentivados por uma população realmente bem informada e engajada. É preciso buscar aquele desejo de melhorar a vida coletiva, de lutar contra o injusto, de influir no destino do mundo, aquela chama que faz alguém sair da sua rotineira vida pessoal para entrar na vida pública.


É possível sim reanimar a política. Tem muita gente anônima fazendo coisas diferentes, pensando em soluções para problemas, em inovação, em projetos para reduzir ou amenizar os dramas de um país tão jovem e tão carente de visões de médio e longo prazo. É justamente nestes tempos de ira e de descrença, que precisam surgir os visionários, os consistentes, os políticos de verdade para sinalizar ao eleitor que a terra não está arrasada e que a saída está nas mãos de cada um. E essas mãos precisam construir a saída pela única via possível, a via política.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Ideario: Ingeniería en conceptos

Ideario
Ingeniería en conceptos

Gestión de imagen y marketing político, institucional y electoral.
Sin un producto creativo, sin un diferencial, sin una verdad que logre conmover no existe marketing político.
No se espera que los gobiernos tengan solución a todo. Sin embargo los ciudadanos exigen compromiso, empeño innovación en la búsqueda de soluciones.
La comunicación es todo: es transversal, es una herramienta de gestión. Va mucho más allá de un lindo comercial de TV o de una gráfica en el diario. Nosotros sabemos de eso, producto de nuestra experiencia, nos enfocamos en crear canales de diálogo efectivos entre su gobierno y la población.


¿Qué hacemos?

Trabajamos de forma multidisciplinaria, integrando todas las herramientas de la comunicación.
Con nuestro Know how fortalecemos ideológicamente los proyectos y objetivos del cliente.
Construcción de campañas políticas: presidenciales, legislativas y organizaciones no gubernamentales.
Construimos, mantenemos y rescatamos banderas políticas.



Ideário Brasil participa do VII Cumbre de Comunicación Política


Fazer comunicação nos dias de hoje é algo extremamente difícil. Fazer política é difícil e complexo. Então imagine o que é fazer comunicação política hoje em dia. Dialogar com as pessoas através de tantos meios e mídias sobre um tema cada vez mais satanizado, distorcido e ao mesmo tempo tão vital para a sociedade. Esse foi o clima da VII Cumbre de Comunicación Política, realizada nos dias 25, 26 e 27 de junho de 2015, em Santo Domingo, capital da República Dominicana. A Ideário Brasil participou do evento com um painel próprio: "Quién se comunica mejor, gobierna mejor." - Quem se comunica melhor, governa melhor.


O evento foi  aberto por diversas autoridades, inclusive a Senadora Cristina Lizardo, Presidenta do Senado Dominicano, que na sua fala abordou um dos temas centrais do encontro: a participação cada vez mais ativa na mulher na política e nas eleições. Foram 3 dias muito intensos de trabalhos, a programação começava as 9 da manhã e se estendia até 22 horas, com conferencias, painéis e workshops sobre os mais diversos temas da mídia e da política. Ao todo foram mais de 150 apresentações de profissionais do marketing político, pesquisadores, jornalistas, professores, doutores, estudiosos, ocupantes de cargos do executivo e parlamentares.

Os temas formaram um amplo painel do momento da comunicação da política com a sociedade. Foram discutidos e apresentadas muitas novidades nessa sétima edição da Cúpula Mundial de Políticas de Comunicação, que concluiu com grande sucesso na Universidade Autônoma de Santo Domingo, contando a ativa participação de mais de 1.500 inscritos, oriundos  de 20 países ao redor do mundo. 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Ataque e crítica. Crítica e ataque.


Nestes tempos de campanha eleitoral estas duas palavras estão toda hora sendo escritas, faladas e postadas. A imprensa usa muito de acordo com suas conveniências, para fazer o noticiário deste ou daquele candidato ou candidata, sempre adequando o termo de acordo com o lado para o qual faz campanha.

Mas existe uma grande diferença entre crítica e ataque. Crítica é da própria natureza de qualquer disputa política. Não existe campanha sem crítica. Pode se criticar posicionamentos, decisões, escolhas, opções econômicas, alianças, visões de mundo, posturas partidárias, pessoais ou corporativas. As vezes a mídia trata a crítica como algo indigno, colocando a ação de criticar como baixaria eleitoral.

Baixaria é o ataque. O ataque é sugerir sem provas. É atentar contra a moral do adversário. É atacar sua religião, a cor de sua pele, suas opções sexuais, fazer acusações sem provas ou distorcer fatos e realidades. O ataque é o terror, o pavor, a ameaça.

Muitas vezes o limite entre a crítica e o ataque é muito tênue e se aproveita de percepções do eleitorado para jogar uma pessoa contra este eleitorado. Por exemplo, se um candidato tem ligações com o comunismo,  dizer que este vai desapropriar as casas da classe média para abrigar pessoas miseráveis.

Assim como é baixaria atacar alguém por ser ligado ao setor empresarial. Apoiar as políticas de estado mínimo e o poder das leis de mercado, não quer dizer que o candidato vai fechar todas as escolas públicas e cobrar pelas vacinas contra a febre amarela nos postos de saúde e estatais.

Uma campanha não se faz apenas mostrando propostas, projetos, dizendo o que se vai fazer. É preciso mostrar o que o outro lado não fez, se fez errado ou se aliou com grupos que comprometem as realizações. É preciso criticar muito.


Crítica é indispensável. É fundamental no enfrentamento entre oposição e situação. É o embate de formas, modelos, modos, caminhos de conduzir a vida em qualquer comunidade. O ataque é desprezível, só serve para tornar a competição fora do foco, desqualificar a política e promover a mentira ou a meia-verdade.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O marketing só não vendeu o marketing


Outro dia, logo após assumir o cargo de novo treinador da seleção de futebol profissional do Brasil, o técnico Dunga, deu uma entrevista para a TV. Eu não vi toda a entrevista, mas assisti um trecho em que, pelo que falou, Dunga pode ser questionado como treinador para o selecionado brasileiro, mas mostrou que sabe muito bem o que é marketing. O sisudo futebolista gaúcho falou algo assim: “o marketing do jogador tem que ser o futebol. O marketing tem que ser a bola que ele joga.” A felicidade desta declaração de Dunga está justamente em desmontar uma inversão que transformou marketing em sinônimo de presepada, de enganação, de panaceia, de desespero por visibilidade ou insanidade por mídia a qualquer custo.

O marketing de quem joga futebol é o futebol. Se for bom de bola, for eficiente, vencedor, estará fazendo bom marketing. Se jogar ruim, for improdutivo, estará fazendo marketing da pior qualidade. Cabelo pintado, ter muitas namoradas, brigar com a mulher na boate, pode ser tudo, menos marketing. Isso gera muita visibilidade, exposição, uma certa fama, celebridade negativa ou positiva, mas não faz acontecer o que é a melhor definição do marketing: conquistar e manter clientes.

O marketing da cozinheira, é a comida gostosa. O marketing do médico é a atenção, o cuidado, o diagnóstico preciso. O marketing da costureira é a roupa com belo caimento. O marketing do parlamentar é fazer boas leis que atendam os anseios de quem votou nele. O marketing do músico é a boa música. O marketing do governante é fazer um governo que beneficie a população. Marketing é produto. Marketing começa do produto. Se quiser andar de cabelo púrpura, piercing no corpo todo ou nunca dar entrevistas, isso é o direito de cada um, mas não faz de ninguém uma fera do marketing. Isso só se é quando se tem um bom produto para entregar. O marketing nasce no produto. Só depois vem a comunicação, a promoção, a distribuição, o preço ou custo para se ter esse produto. Propaganda sem produto não é marketing, é enganação. Preço sem produto é pilantragem. Promoção sem produto é badalação vazia, embromação  ou fogo de palha.



É cada vez mais comum a gente ver um político de oposição dizendo que o governo adversário é só marketing. A gente sabe que esse discurso é uma crítica feroz. Mas se um governo fosse só marketing, essa gestão seria excelente, digna dos maiores elogios. A população é muito beneficiada quando o governo faz marketing, e sofre quando faz só mídia, já que marketing é procurar soluções para o problema do cliente. São obras de qualidade, programas sociais ousados e politicas públicas inclusivas. Marketing é estar onde e como esse cliente precisa e por um preço que atenda suas aspirações. É bom destacar que no que se refere a preço, marketing nem sempre é o menor preço. No mercado de alto luxo, por exemplo, um bolsa que custa 10 mil dólares, é um atributo buscado por esse consumidor que procura reconhecimento e status.

O mundo melhora todo dia porque existem milhões de pessoas físicas e jurídicas indo trabalhar de manhã para fazer marketing. Indústrias desenvolvendo novos produtos, popularizando tecnologias, medicamentos, alimentos. Empresas do comércio ampliando suas redes de varejo, empresas de serviços atendendo novas demandas dos novos tempos, pedreiros criativos, mecânicos de automóveis, padeiros, professores, escolas, milhões de ideias, soluções, respostas, atendimento satisfatório a quem paga pelo produto. E quanto melhor o produto, mais ele precisa de marketing. Mais ele precisa de comunicação que o diferencie na multidão, que destaque seus atributos, suas qualidades, seus apelos únicos. Precisa de distribuição inteligente. De preço bem construído. Precisa ser promovido para mostrar suas vantagens honestas em relação aos concorrentes e sua sintonia com seu consumidor.


Por um lado, aparecendo com verdade e não apenas para aparecer na mídia, o marketing está conquistando as pessoas, com melhor tratamento dos recursos humanos nas empresas, respeito ao meio ambiente, participação nos lucros para os empregados e envolvimento social, por outro lado o marketing parece ter perdido a guerra, e é usado cada vez mais como expressão da artimanha enroladora, como cortina de fumaça, de discurso vazio, percepção errada que atrapalha uma atividade que, quando feita com amor pelo que se faz e compromisso humano, melhora muito a vida das pessoas.